terça-feira, 9 de novembro de 2010

Plano Cruzado

O Plano Cruzado, lançado pelo Governo Sarney, em fevereiro de 1986, foi o primeiro plano eleitoreiro de impacto com base na inflação zero. Sua duração foi breve (9 meses). Foi substituído pelo Plano Cruzado II, baixado seis dias depois de o Governo ter obtido a maior vitória eleitoral da história da República, no dia 15 de novembro daquele ano: a totalidade dos governadores, e quase dois terços da Câmara e do Senado e das Assembléias Legislativas (a eleição presidencial não estava em jogo).

Com os salários congelados há nove meses, a população foi obrigada a arcar com os seguintes aumentos, num só dia: 60% no preço da gasolina; 120% dos telefones e energia; 100% das bebidas; 80% dos automóveis; 45% a 100% dos cigarros; 100% das bebidas.

Badernaço de Brasília

Como era de esperar, as reações populares ao Plano Cruzado II explodiram, tão logo o país percebeu que tinha sido vítima de um engodo eleitoral. E elas vieram de forma violenta e fulminante, seis dias depois da introdução do Plano Cruzado II;, a 21 de novembro de 1986.

Uma manifestação em Brasília, que depois ficou nacionalmente conhecida como "Badernaço", no dia 27 de novembro daquele ano, degenerou em saques, depredações e incêndios, nas cercanias do centro do poder. Atônito, o Palácio do Planalto, até há pouco voltado para o cortejo das multidões, lança contra ela oito tanques de combate Urutu.

Felizmente, não houve vítimas fatais, mas a revolta da multidão ficou marcada em dezenas de lojas e órgãos públicos depredados, vários ônibus incendiados e muitas prisões. O "mais popular dos presidentes da História da República brasileira", que tinha de assistir a uma missa na hora da manifestação, que se estendeu das 14 até às 22 horas, foi obrigado a recorrer aos Urutus e a outros efetivos do Exército, para fazer o trajeto do Planalto até Catedral.

Cruzadinho - Na verdade, as desconfianças dos brasilienses começaram a se manifestar, desde a decretação do Cruzadinho, em fins de julho, quando houve o aumento dos preços dos carros e dos combustíveis em 30%, ao mesmo tempo que se alardeava uma Inflação Zero.

Já naquela época, alguns manifestantes se concentravam no Palácio do Planalto, durante a Cerimônia da Rampa, chegada e saída do Presidente, para protestar, às vezes com xingamentos pessoais, contra a inflação sonegada. Os protestos foram tantos e expunham de tal forma Sarney, que a segurança do Palácio decidiu cancelar a cerimônia, sempre assistida pela família presidencial do meio da multidão, e que já se tornara uma atração turística em Brasília, toda quarta-feira.

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